Tratando estenoses de uretra: indicações e modalidades de uretroplastia

Há muitas técnicas de uretroplastia, e não é raro ter-se que recorrer a mais de uma técnica para tratar a estenose de uretra do paciente. Mesmo com essa grande variedade de procedimentos, podemos dividir as técnicas em três grandes modalidades.

Uretroplastias sem transferência de tecidos: anastomóticas

Um ditado urológico, provavelmente apócrifo, diz que o melhor substituto para uretra é a própria uretra (isso vale para quase todos os tecidos).

Uretroplastias com transferência de tecidos: substitutivas

Por infelicidade anatômica, o tecido uretral é escasso, adicionando ao fato de que a estenose de uretra é uma doença onde falta tecido uretral. Em muitos casos de estenose de uretra, faz-se necessário transportar algum tecido para substituir a uretra que está faltando. O tecido que melhor se presta à transferência é a mucosa jugal, mas pode-se empregar, de acordo com a necessidade, pele genital (prepúcio ou haste peniana), ou mucosa retal.

Quando não se pode utilizar parte, ou toda a uretra: derivações urinárias

Eventualmente, não se pode, ou se consegue, restituir a função da uretra, e se constrói uma derivação urinária, ou desvio urinário. Nesta modalidade de tratamento, o fluxo urinário não atravessa parte ou toda a uretra.

Comece a entender o que são estenoses de uretras no homem

A uretra é o órgão que conduz a urina da bexiga para fora, e nisto ela tem duas funções. A primeira é a que acabamos de descrever, e a segunda é impedir a saída involuntária de urina, ou perda urinária. Aqui, trataremos da estenose — ou estreitamento — da uretra no homem.

A uretra masculina não é um tubo uniforme, e tem diferentes características anatômicas ao longo de seu trajeto. Por causa disso, os urologistas dividem o órgão em segmentos ou regiões. Elas são, indo da bexiga até a saída, no pênis: colo vesical, uretra prostática (onde a próstata envolve a uretra), esfincteriana (onde está o mecanismo de retenção de urina, o esfíncter estriado), membranosa, bulbar, peniana e a fossa navicular. Para mais detalhes da divisão da uretra em segmentos, veja este artigo.

Qualquer segmento da uretra pode se estreitar, ou estenosar, como se diz no jargão médico; às vezes, mais de um segmento pode se estenosar — no mesmo paciente, é claro. O interessante é observar que existem causas diferentes para as estenoses nos diversos segmentos. Por exemplo, estenoses da uretra bulbar têm como causa comum trauma na região do períneo — um impacto no quadro de uma bicicleta ou tanque de uma motocicleta; e estenoses de uretra peniana frequentemente se originam de inflamação do órgão, ou do uso prolongado de uma sonda.

Da mesma maneira que estenoses dos diversos segmentos tem diferentes causas, o tratamento da estenose deve ser ajustado para cada segmento acometido. O tratamento de estenoses penianas comumente requer transferência de tecidos, ou seja, enxertos ou retalhos; podemos, no entanto, tratar estenoses da uretra bulbar removendo o segmento acometido e suturando as extremidades livres do órgão. A ressalva que há é que apenas raramente as estenoses de uretra admitem tratamento endoscópico, um procedimento chamado uretrotomia interna.

A uretra masculina (e feminina) é um órgão de difícil manuseio, que demanda do urologista atenção a detalhes, técnica cirúrgica apurada, familiaridade com a anatomia do órgão, e sobretudo, experiência. O tratamento de estenose de uretra compõe parte substancial de uma relativamente nova sub-especialidade da Urologia chamada Urologia Reconstrutiva.